sábado, 6 de dezembro de 2014

Cartaz


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MISTÉRIOS DO NATAL
O Natal transporta-nos a um sem número de representações. Tradições, lendas, crenças, histórias, sensações, tudo constitui motivo de reflexão nesta época.
Por isso, a Galeria Vieira Portuense resolveu convocar alguns artistas plásticos para um diálogo através da arte sobre os “Mistérios do Natal”.
Desde logo o ambiente festivo que caracteriza a época é-nos trazido por Maria da Conceição Pombo e Mário Couto.
Helena Canotilho mostra-nos a cruz redentora, que nos absolve do pecado original, aí representado pelas maçãs no pé da cruz. As romãs, as miligranas mirandesas, significam-nos a solidariedade como aquela que nos trouxe Cristo Sacrificado ali representado na sua natureza divina, o próprio Deus Criador, com o compasso símbolo daquele com que desenhou o mundo.
Ester de Sousa e Sá apresenta-nos o menino ainda no ventre materno, numa escultura da Senhora do Ó. Outra Senhora do Ó é a que representa Nuno Duque, esta, uma jovem mãe, prenhe de esperança a dizer que o Natal se repete, quando tem que se repetir.
O presépio não podia deixar de estar presente, já que presente anda no imaginário das pessoas desde tempos longínquos como o inculca Maria Augusta Albuquerque na sua obra. Luz Couto, com a singeleza do seu traço, traz-nos um presépio minimalista, a dar lembrança do momento natalício. Mais universalista é o de Octávio Sousa e Silva a lembrar-nos que onde há uma família há um presépio. Também Domingos da Silva remete-nos para um presépio diferente, apresentado em cores tão vivas como a alegria do Menino que se diverte. Maria da Glória procurou na natureza um tronco que lhe falasse de Maria e seu Filho.
Adiasmachado fala-nos da história institucional do Menino Jesus que parece espantar o próprio Cristo.
Amália Soares apresenta-nos a Nossa Senhora da Batalha, heroína em batalha contra os mouros, patrocinadora dos interesses dos seguidores de Cristo, que ampara no colo, como Hórus era amparado por sua mãe Ísis, numa representação que atravessa o mundo católico.
Vaz Duarte fala-nos de outro Natal, lembrando-nos a lenda que faz desembarcar em França Maria de Magdala após o martírio da Cruz, trazendo consigo o maior segredo dos séculos, a filha do crucificado, que ele mostra no seu “retrato de Sara”.
Dois Cristos adultos incluem-se na exposição com significações diferentes: o de Constância Néry traz reminiscências das crenças do amanhã, que sugerem um mundo mais inteligente e compreensivo; o de Glória Costa que outra coisa não significará do que a presença de Cristo em nós, in casu, na própria autora. Em Cristina Maya Caetano, o Cristo que domina é o do Novo Testamento de onde remanesce a Sua figura a anunciar ao mundo a mensagem do Livro.
Claro que o Natal hoje tornou-se época de festa, como sugere a obra de Carlos Antunes, mas também tempo de recordações como se vê no quadro de Mohini, com as representações natalícias mais comuns, bem como na de Aparício Farinha que representa os brinquedos que, in illo tempore, cada criança gostaria de encontrar junto ao sapatinho.
Também o natal do consumo tem aqui a sua representação: Marco Santos mostra-nos o calvário das despesas, enquanto Onofre Varela representa a tristeza do saco do Pai Natal esvaziado pela crise, tudo isso sintetizado por Mutes na sua obra.
Mas o Natal é matéria de fé, que Carlos Godinho enuncia, já que, antes do natal cristão, por todo o oriente – aqui chamado por António Porto – se festejava o natal a 25 de Dezembro, imediatamente antes, o de mithra, que Alberto d’Assumpção aqui representa.
Mas a grande e indesmentível verdade, aquela que, independentemente de credos, enche de alegria todos os corações é que o sol renasce a cada dia de natal, tornando os dias mais largos, anunciando novos tempos de sementeira e de renascimento. É o milagre da luz que se renova com o sol nascente a anunciar uma nova época de vida, como se vê na obra de Porfírio Alves Pires.

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